Por Dr. Marcelo Paiva Paes
O Gabeira postou um texto no facebook que de uma vez só tenta abordar três casos:
1- O caso Palocci,
2- O caso do livro de gramática, e
3- O caso do Cabral deixar os bombeiros irem em parada Gay de carro e uniforme quando estávamos vivendo uma greve da categoria.
De forma rápida, afinal é um comentário, escrevi o seguinte texto:
Bem, lembro-me de um filme que explica o caso Palocci, "A Súbita Riqueza da Gente Pobre de Kombach". Neste filme alguns camponeses miseráveis ficam ricos da noite para o dia após um assalto. Por não terem afinidade com dinheiro gastam-no de forma desmedida, e são, por esta razão, descobertos no seu crime. De forma metafórica acho que podemos analisar o caso palocci por este prisma que, na verdade, é um velho ditado popular: "Quem nunca comeu melado, quando come se lambuza". E, claro, esta súbita riqueza se não vem do assalto formal, vem, pelo menos, do tráfico de influência e dos lobbys que ele fez, o que em se tratando de questões da República, não deixa de ser também, para não polemizar muito, um ato ilícito. Mas, qualquer semelhança entre a súbita riqueza da gente pobre de Kombach, e a súbita riqueza de um ministro do Brasil será apenas mera coincidência, até porque aqui certamente não haverá punição.
Por outro lado, o caso do livro é lamentável, não porque ensina o errado, acho esta discussão menor, mas porque a própria literatura brasileira, e estou falando da boa literatura, está repleta de exemplos como os do livro, entretanto não é por aí que o livro vai. O livro vai pela discussão, exatamente errônea ao meu ver, de dizer o que é certo e o que é errado. Claro que tudo pode estar certo, há exemplos assim na língua inglesa, com Ulysses, de Joyce, foi assim em Guimarães Rosa, e mesmo em Dante na sua Divina Comédia foi assim, através da insipiente e nova língua italiana, como será assim em muitos momentos futuros. Mas o livro não vai por aí, o livro vai pelo maniqueísmo do certo e do errado, e mesmo quando diz que pode ser certo o errado ele está reforçando o discurso maniqueísta. Fora deste discurso, insisto, está a literatura e sua genialidade, capaz de aceitar Candeia e sua letra de música que diz ".. quero assistir ao sol nascer, ver as águas do rio correr, ouvir os pássaros cantar...", ou o Milton nascimento cantando “Quem me ensinou a nadar, quem me ensinou a nadar, foi, foi, marinheiro, foi os peixinhos do mar...”, e ainda Manoel Bandeira, que nos ensina “Dá-me um cigarro, diz a norma culta da língua, mas o bom brasileiro... diz deixa disso camarada, me dá um cigarro”, e, para finalizar, Noel Rosa ao cantar “tudo aquilo que o malandro pronuncia, com voz macia, é brasileiro já passou de português...”
Bem, para terminar, o caso de Cabral nada mais é do que a Sociedade do Espetáculo, de Guy Dabord, se estás em dificuldade faça um show qualquer, isto desviará a atenção do público, pois ele está mais próximo dos espetáculos do que dos assuntos mais difíceis de se resolver.
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