Por Pedro Nascimento Araujo
Com a proximidade do verão, veremos a repetição de um triste filme. Como um artista que lança uma nova obra atualmente, nossas autoridades são responsáveis por um desastre associado às esperadíssimas chuvas de verão a cada ano. E, tal como o artista em nossa analogia, há anos nos quais a obra tem mais impacto, assim como há anos nos quais passa praticamente despercebida. 2011 foi um ano no qual à inoperância de todo ano somaram-se chuvas excepcionalmente fortes. O resultado? Mortes na casa dos milhares, incontáveis desabrigados e prejuízos financeiros e as incalculáveis - e incuráveis - cicatrizes nas almas de milhões. Se em 2012 a natureza não nos brindar com chuvas fortes, a inoperância não trará tantos resultados macabros.
Ocorre que torcer para que a natureza colabore é algo impensável em pleno século 21; na verdade, desde que nossa espécie passou a ter condições de não mais viver à mercê dos desígnios da natureza, é inaceitável. Chuvas fortes não são exclusividade nossa. De fato, há países que sofrem com chuvas tão ou mais intensas que as nossas e que, nem por isso, veem suas pesssoas morrendo levadas pelas águas, como a Austrália. Claro, também há países nos quais as chuvas matam muito mais do que matam aqui, como o Paquistão. A diferença de renda e a atuação das autoridades são os principais fatores que diferenciam Austrália de Paquistão.
Nesse ponto, somos um híbrido de Frankenstein: nossa renda é próxima àquela da Austrália e a atuação de nossas autoridades é próxima àquela do Paquistão. Como resultado, diante de chuvas excepcionalmente fortes, no Brasil não morrem nem tantas pessoas quanto no Paquistão nem tão poucas pessoas quanto na Austrália. Queremos, obviamente, ser um país desenvolvido. E, hodiernamente, já reunimos condições financeiras para tanto. Falta-nos somente uma elite política digna desse nome para guiar-nos rumo ao chamado primeiro mundo. Afinal, enquanto a cada chuva forte morrerem brasileiros como se fôssemos um país de terceiro mundo, é porque, de fato, ainda temos elementos de um país de terceiro mundo e somos como um gigante de bronze com pés de barro: basta uma chuva mais forte que nosso sonho de grandeza literalmente cai.
Pedro Nascimento Araujo é economista.
Com a proximidade do verão, veremos a repetição de um triste filme. Como um artista que lança uma nova obra atualmente, nossas autoridades são responsáveis por um desastre associado às esperadíssimas chuvas de verão a cada ano. E, tal como o artista em nossa analogia, há anos nos quais a obra tem mais impacto, assim como há anos nos quais passa praticamente despercebida. 2011 foi um ano no qual à inoperância de todo ano somaram-se chuvas excepcionalmente fortes. O resultado? Mortes na casa dos milhares, incontáveis desabrigados e prejuízos financeiros e as incalculáveis - e incuráveis - cicatrizes nas almas de milhões. Se em 2012 a natureza não nos brindar com chuvas fortes, a inoperância não trará tantos resultados macabros.
Ocorre que torcer para que a natureza colabore é algo impensável em pleno século 21; na verdade, desde que nossa espécie passou a ter condições de não mais viver à mercê dos desígnios da natureza, é inaceitável. Chuvas fortes não são exclusividade nossa. De fato, há países que sofrem com chuvas tão ou mais intensas que as nossas e que, nem por isso, veem suas pesssoas morrendo levadas pelas águas, como a Austrália. Claro, também há países nos quais as chuvas matam muito mais do que matam aqui, como o Paquistão. A diferença de renda e a atuação das autoridades são os principais fatores que diferenciam Austrália de Paquistão.
Nesse ponto, somos um híbrido de Frankenstein: nossa renda é próxima àquela da Austrália e a atuação de nossas autoridades é próxima àquela do Paquistão. Como resultado, diante de chuvas excepcionalmente fortes, no Brasil não morrem nem tantas pessoas quanto no Paquistão nem tão poucas pessoas quanto na Austrália. Queremos, obviamente, ser um país desenvolvido. E, hodiernamente, já reunimos condições financeiras para tanto. Falta-nos somente uma elite política digna desse nome para guiar-nos rumo ao chamado primeiro mundo. Afinal, enquanto a cada chuva forte morrerem brasileiros como se fôssemos um país de terceiro mundo, é porque, de fato, ainda temos elementos de um país de terceiro mundo e somos como um gigante de bronze com pés de barro: basta uma chuva mais forte que nosso sonho de grandeza literalmente cai.
Pedro Nascimento Araujo é economista.
Comentários
Postar um comentário