Maratona de Um Candidato
Ano de campanha eleitoral é uma verdadeira maratona e
até parece véspera de natal,
todo mundo fica bonzinho, resolve fazer caridade, lembra do
problema do outro, todo mundo quer maquiar a coisa feia, fazer um antes e
depois , pelo menos para enganar por um tempinho (até serem eleitos,é claro). Todos
lembram de resolver problemas que tiveram anos para solucionar, resolvem
beijar, abraçar e fazer questão de apertar a mão de gente que durante anos
ignorou.
Todos eles falam em Deus, resolvem virar santos, ambientalistas,
artistas e um empreendedor dos mais competentes. Todos passam a enxergar o
povo, frequentam suas casas, aceitam comer e beber daquilo que sempre odiaram.
Percorrem estradas que nunca arriscariam atolar seus
carros, caminham quilômetros a pé passando por matas, pedras, morros e
ladeiras. Enfrentam chuva, sol, vento com uma determinação nunca antes
adquirida, se tornam imunes a picada de mosquito, gripe e até a meningite se
bobear, nem se importam se um bebê resolve mijar no seu terno novinho,
também se tornam protetores dos animais, plantas, moradores
de rua, viciados, das crianças órfãs, mulheres violentadas, pobres e
desvalidos.
São magnânimos! Levantam a bandeira contra a homofobia (ou
dependendo da platéia viram homofóbicos), racismo, preconceito e se tornam
amantes da natureza e de tudo que é mais sagrado.
Sorriem! Oh! Como sorriem! E se você não o reconhecem ele
faz questão de lhe cumprimentar. São solidários, altruístas, combatentes das
causas justas. Estão sempre de punhos ao alto, e como gritam! Suas cordas
vocais nessa época são poderosas e seus discursos emocionam com tamanha
sensibilidade, são generosos! Em época de eleição candidato não é pão-duro.
Paga um picolé tio!
São amigos, dos amigos, dos amigos. Estão sempre com seus
celulares ativos, distribuem seus números particulares, seus e-mails, possuem
perfis lotados no facebook, tamanha a quantidade de amigos que fazem.
Como são carismáticos! Adoram tomar café, madrugam nas filas
para serem solidários ao seu povo, e como são festeiros e ao mesmo tempo sensíveis
a dor alheia, se bobear até choram, tudo vai depender do numero de eleitores!
Se tornam musicalmente ecléticos, dançam na boquinha da
garrafa, enfrentam até a velocidade do créu se precisar. Fazem em um único ano
o que não fizeram em três, abraçam mendigo, seguram no colo crianças
remelentas, tomam cachaça, comem buchada de bode, se tornam heróis dos fracos e
oprimidos, visitam locais que nem sabiam que existiam, se atolam no barro, tomam
corrida do cachorro e quando chegam em casa, ainda encontram tempo de ir pra
internet para contar tudo que fizeram naquele dia.
Nessa maratona para angariar votos para si, os fins irão justificar
os meios. Por isso se toca! Não se iluda! Desconfie! Candidatos que de uma hora
pra outra começam a fazer coisas que nunca fariam, não são dignos de confiança.
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