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Fala Cidadão. Por Vânia Carvalho.



Eu, Por Mim Mesma!

Hoje pedirei licença aos leitores para falar um pouco de mim. Depois de ouvir alguns julgamentos precipitados sobre minha pessoa é justo que eu me apresente já que não sou uma cidadã tão conhecida na cidade, apesar de estar em Cabo Frio há 14 anos.

Escolhi Cabo Frio para viver por conselho do meu único irmão. Vim pra cá com 3 filhos pequenos no ano de 1998 sem conhecer ninguém e muito menos ter família por aqui. Meu irmão há muito tempo já visitava Cabo Frio por intermédio de sua esposa, cujo pai tinha casa na rua Mercúrio ali próximo ao Hotel Caribe, e foi ele que me disse que nessa cidade  eu e meus filhos teríamos uma qualidade de vida muito melhor do que no Rio de Janeiro, já que nasci e me criei na Tijuca (próximo a Afonso Pena) e depois de mais de 30 anos vivendo sem ter tido nenhum tipo de problema, comecei a me assustar com o nível de violência que crescia assustadoramente  naquela época.

Eu tive o privilégio de nascer numa família de classe média que pode me proporcionar o conforto necessário para que eu tivesse uma boa educação e uma vida sem muitas preocupações. Meus pais eram funcionários públicos federais e sempre incentivaram-me aos estudos. Aos 17 anos fiz vestibular e passei para PUC na área de Comunicação, este curso me deu uma gama enorme de conhecimento já que os 2 primeiros anos do básico me favoreceram com matérias como: antropologia, sociologia, ciências políticas, economia, estatística, psicologia, filosofia, fora as matérias relacionadas com o curso especificamente, talvez por isso eu tenha  hoje em dia a facilidade de me expressar em público e até mesmo de escrever, coisa que nunca foi  minha praia já que sempre gostei mesmo de desenhar, tanto que optei pela propaganda por causa do desenho publicitário.

Quando cheguei em Cabo Frio meus pais já haviam falecido e eu praticamente criei meus 3 filhos sozinha, apesar de ter ficado  casada  15 anos. Comecei no artesanato por acaso já que sempre fui uma mulher ativa, como sou muito ansiosa resolvi procurar alguma coisa para preencher meu tempo e foi aí que comecei a fazer o que sempre gostei que era mexer com o  meu  lado artístico.

Procurei a feirinha da praia que na época funcionava onde hoje é a Praça das Águas, mostrei meu material um trabalho feito com um tipo de emborrachado de nome E.V.A. e comecei montando minha barraca até que a feira foi transferida para onde hoje é a praça do teatro.

Dali fiz muitas amizades e foi através de um  grande amigo conhecido como Tião que depois de mais de 20 anos trabalhando com artesanato resolveu me chamar para criamos uma outra associação, onde o artesão seria a peça fundamental. O sonho do Tião era resgatar todos os artesãos de Cabo Frio que não tinham a oportunidade de trabalhar nas feiras por falta de espaço e de aglutinar em uma única associação todos os artesãos pertencentes a outros grupos ou associações para que fortalecêssemos o segmento tão dilapidado pela concorrência com os produtos industrializados que começavam a empreguenar as feirinhas.

Encarei o desafio com muita vontade pois era a oportunidade que eu tinha de fazer alguma coisa legal pela cidade, já que como carioca e frequentadora de feiras tão tradicionais como a de Ipanema e Saenz Pena não conseguia entender o porque de tanto descaso com o artesão aqui em Cabo frio.

Além do mais queríamos transformar o segmento num setor de empreendimentos, afinal o artesão pode ser considerado hoje em dia como um micro-empresario. E eu com o pouco conhecimento que tinha poderia finalmente colocar em prática todos os meus anos que convivi no Rio, conhecendo o lado cultural, convivendo com pessoas da área e com o aprendizado que tive nos meus anos de faculdade.

Montamos um grupo e o Tião como presidente me indicou para ser a diretora social, passamos semanas elaborando o estatuto e o regimento interno dessa Associação junto com artesãos de varias entidades, pessoas que já trabalhavam com artesanato há mais de 30 anos, pessoas que estavam em casa fazendo artesanato mais sem condições de escoar sua mercadoria, pessoas anônimas de bairros distantes que sonharam sempre em mostrar seu trabalho mais nunca lhe deram chance, enfim profissionais que nunca tiveram se quer a noção da importância que lhes cabia como artistas e que unidos em prol de um ideal poderiam leva-los da mera produção e  venda, para um movimento de inclusão social, de capacitação profissional, de geradores da economia, de parceiros com outras entidades e empresas de engajamento cultural e turístico, além de divulgadores em potencial do seu município.

Foram 2 anos de muita luta nunca pensei que fosse tão difícil convencer as pessoas que o bem que você quer fazer precisa da boa  vontade política. Eu ingênua e totalmente leiga nesse circulo do poder público comecei a conhecer um outro mundo que eu não estava acostumada. O Tião sempre me aconselhava e me ensinou que a diplomacia nesse meio é fundamental.

Mas com o tempo eu percebi que por mais que a gente fizesse, por mais que a gente corresse atrás dos nossos objetivos, sem ganhar um único patrocínio, uma única verba, sempre colocando a mão no próprio bolso para tocar pra frente nossos ideais, eu percebi que diante do poder não bastava ter só boa intenção e aos poucos eu vi meu amigo definhando, definhando até que seu coração não aguentou tanta desilusão. Pra mim foi como perder um pai e jurei diante de seu caixão que eu faria tudo pra levar avante, tudo que ele almejou. Foi um compromisso meu no leito de morte que nem sua viúva, minha grande amiga e atual presidente da nossa associação sabia.

E apesar de ouvir varias promessas de apoio do poder publico desde a morte do meu grande amigo eu mesma não aguentei suportar o peso de fazer parte de uma direção e ter tantas famílias que dependiam do meu empenho e da determinação da nova presidente, sabendo que só diplomacia não serviria para almejarmos tantos projetos, quando tratamos com pessoas que não te tem o menor respeito. Por isso,por ser tratada muitas vezes com pouco caso e indiferença, ser traída descaradamente por um governo que não encarou a nossa intenção de valorizar o artesão e reconhecer o segmento com a importância que ele sempre mereceu foi que resolvi abandonar a diretoria da  associação, e hoje sigo sozinha a trabalhar não só pelo sonho de muitos profissionais mais  principalmente pela promessa que fiz no leito de morte de meu querido amigo, que ele não haveria de ter morrido em vão.

Queria deixar claro a algumas pessoas que julgam sem me conhecer que não sou oportunista, nunca trabalhei pra conseguir benesses, dinheiro, portaria ou qualquer outro favorecimento como um box na nova feira, porque esse direito já me é constituído por tantos anos trabalhando na feira da praia, e com artesanato.. Mesmo porque nem que me oferecem um alto cargo na prefeitura, não poderia aceitar já que não posso  ter ligação empregatícia com nenhum órgão publico.  Minha luta é por uma causa que acho justa, que não encaro como um favor e sim como uma obrigação do município em preservar sua identidade que aos poucos escorre pelo ralo da indiferença.

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