Narrador - Jeitosinha
entregou ao pai uma caneta e um pedaço de papel.
Jeitosinha - Assine esta folha em branco...
Ambrosio - M-mas... Filha... Você sabe que eu não tenho nenhuma posse...
Jeitosinha - Apenas assine!
Narrador - Meio vacilante, Ambrósio escreveu seu nome no papel.
Ambrosio - Pronto. Estou livre agora?
Jeitosinha - Sim... - Tenha bons sonhos...
Narrador - Jeitosinha foi para seu quarto e esperou pacientemente que todos voltassem para casa. A mãe, que sempre se envolvia nas atividades da Igreja, voltou de uma novena. Os irmãos foram chegando, um a um, se amontoando em volta da TV, como sempre faziam. Normalmente Arlindo, mais arredio, preferia ficar lendo em algum canto da casa, até que todos se recolhessem. Era a hora em que finalmente tinha a sala só para ele, e ficava zapeando os canais de TV.
No silêncio da madrugada, Jeitosinha aproximou-se de Arlindo, vestida como uma Diva do cinema. O longo vestido negro, que exibia seus ombros e expunha parte dos seios... a abertura lateral, por onde podia-se ver furtivamente a longa extensão de sua perna esquerda... O par de luvas cobrindo os braços até além do cotovelo... Tudo remetia a inesquecível Gilda.
Arlindo surpreendeu-se com a maturidade da beleza da irmã, que trazia num copo uma dose de uísque on the rocks.
Jeitosinha - Sabe, irmão, às vezes a felicidade chega até nós por caminhos estranhos...
Arlindo - O que você quer dizer?
Jeitosinha - Quero dizer que encontrei meu verdadeiro eu no bordel de Madame Mary. E devo isso a você.
Narrador - Jeitosinha sorveu um gole generoso de uísque e ofereceu o copo ao irmão.
Jeitosinha - Beba comigo. Vamos selar com esta dose de uísque a paz entre nós.
Narrador - Arlindo pegou o copo com desconfiança. Mas a irmã acabara de provar da bebida, descartando a possibilidade de que ela estivesse envenenada. Nervoso, ele bebeu todo o líquido do copo, devolvendo-o à loira.
Jeitosinha pegou uma pedra de gelo e passou provocativamente no pescoço e nos seios. Depois, debruçou-se sobre Arlindo, alisou sua coxa direita e, tocando os lábios em seu ouvido esquerdo murmurou:
Jeitosinha - Amanhã, irmão querido, todos nós começaremos uma vida nova...
Narrador - A loira disse esta frase enigmática e se retirou. O cruel Arlindo chegou a pensar que sua irmã estava tão desequilibrada quanto o pai. Mas logo voltou a entreter-se com um filme barato de TV, antes de mergulhar em um sono profundo.
No hospital público, Adenaíra abria os olhos:
Adenaíra - B-bruno... Pensei que tinha sido um sonho.
Bruno - Estou aqui. Estou te esperando... .
Adenaíra - M-me esperando? .
Bruno - Sim. Você precisa lutar. Precisa superar esta doença. Vou estar ao seu lado.
Adenaíra - Oh, Bruno! Você vai me dar uma chance?
Bruno - O tempo dirá. Por enquanto, prometo-lhe apenas minha atenção e minha amizade.
Adenaíra - Você não sabe como este simples fio de esperança me deixa feliz!
Narrador - A moça, já mostrava uma certa luz no rosto
pálido pela febre.
Na manhã seguinte, Arlindo acordou no mesmo sofá onde bebera com Jeitosinha. Mas estava cercado por policiais e algemado. No comando da operação, a detetive Vanessa dirigiu-se a ele, mostrando no semblante a realização pelo dever cumprido.
Vanessa - Você está preso.
Arlindo - M-mas... Eu não fiz nada! - Qual a acusação?
Vanessa - Assassinato!
Arlindo gritando - Nããããããooooooooo!
Narrador - Quem morreu?
Você tem até amanhã para juntar as peças e entender o plano de Jeitosinha! Não
perca no próximo capítulo!
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