SM Santa Helena, 80 Anos. As
bandas musicais por aqui já foram escapes de conflitos políticos tão sérios que
chegavam às raias da violência com as Euterpe Lira Cabofriense e a Luso
Brasileira no inicio do século vinte. Agressões contínuas, incêndio e o
assassinato do jagunço João Korubi, onde até hoje os seus lamentos ecoam em
trombetas pelos becos do São Bento. Durante décadas proibidas de se
apresentarem ressurgiram acopladas, incentivada por força oficial, na batuta
institucional da ditadura Vargas, por meios da política de formação musical do
maestro Heitor Vila Lobos com nome de União. No que pese o complexo psico político
dos liras e jagunços que persiste até hoje na cultura social da cidade, é a
Sociedade Musical Santa Helena quem festeja esse galardão de ter formado tantos
músicos na qualidade que esta arte pretende, resistindo a todos os estilos
musicais, conceitos vivenciais, ondas dançantes ou governos municipais desmobilizantes
que não lhes deram a mínima para realimentar a sua séde, fator da sua
sobrevivência motriz.
Durante a nossa passagem pela
gestão cultural da cidade a entidade foi contemplada nas duas edições, por
méritos próprios no programa de fomento (Proedi) o que lhe deu uma sobrevida,
mas mesmo assim foi pouco. Construímos com ela um projeto de ação comunitária
que, no contra pé da crise, foi abortado sem mais delongas...E tudo como
sempre, acabou ficando no meio do caminho. Mas tudo que poderia ter sido feito
à Sociedade Santa Helena, mereceria muito mais, por tantos anos incrustada no
seio da cidade, a resistir com os seus sustenidos e bemóis na arte do ser bom e
necessário para a nossa alma tão combalida de desesperanças, em saber tocar um
instrumento.
José Facury Heluy
josefacuryheluy@gmail.com
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