A Prefeitura de Cabo Frio, por
meio da Secretaria do Meio Ambiente e da Guarda Marítima e Ambiental, está em
alerta máximo para evitar que o petróleo que atingiu as praias do Nordeste do
Brasil e do Espírito Santo chegue às praias da cidade. Segundo o Laboratório de
Análise e Processamento de Imagens de Satélite (Lapis) da Universidade Federal
de Alagoas, a direção e intensidade das correntes marítimas e ventos na
superfície do mar serão determinantes para a chegada do óleo ao Rio.
O
governo do Estado criou um grupo de trabalho especial para a vigilância da
costa fluminense. O objetivo é garantir uma pronta resposta em caso de o
petróleo chegar ao Estado e a Prefeitura de Cabo Frio está inserida nessa união
de forças. O grupo é coordenado pela secretária estadual do Ambiente e
Sustentabilidade, Ana Lúcia Santoro, e composto por técnicos da secretaria e do
Instituto Estadual do Ambiente (Inea).
Desde a segunda-feira (11), o Inea iniciou a
capacitação dos 25 municípios costeiros do estado. Inicialmente, o foco será
nos municípios do Noroeste Fluminense e Região dos Lagos e, na próxima semana,
nos municípios da Região Metropolitana e do Sul Fluminense.
Em nota, o Inea afirmou que capacitou 80 pessoas, entre técnicos da Defesa
Civil estadual, do Corpo de Bombeiros e do próprio órgão ambiental, além de
militares do Exército para atuação em caso de surgimento de óleo na costa.
A
Prefeitura de Cabo Frio tem cerca de 30 pessoas, entre agentes e guardas
ambientais, além de pescadores da Colônia Z-4, que foram capacitadas pela
Petrobras, em ação realizada em Arraial do Cabo, decorrente do vazamento de
óleo em abril deste ano, do Campo de Marlim Leste, na Bacia de Campos, que
atingiu praias de cabo Frio, Arraial do Cabo e Búzios.
“Essa
capacitação fez parte de um acordo entre a Petrobras e os municípios atingidos
pelo vazamento de Marlim Leste, e inclui, ainda, a doação de uma embarcação,
equipamentos para a contenção e retirada do óleo no mar e na areia e
equipamentos de proteção individual (EPIs) para as pessoas que vão realizar o
trabalho. Na última sexta-feira (8), estivemos na sede da empresa, para cobrar
a entrega desses materiais, que nos foi prometida entre 30 e 45 dias. Logo, não
podemos contar com a chegada desse material, assim como não é garantido que o
óleo chegue às nossas praias. Caso aconteça, estamos tomando todas as medidas
preventivas ao nosso alcance”, afirmou o secretário de Meio Ambiente, Mario
Flavio Moreira.
Óleo
O
derramamento de petróleo na costa brasileira já atingiu 546 localidades, das
quais apenas 226 foram registradas como limpas pelo Ibama (Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) até esta quinta-feira
(14).
Nesta
semana, o desastre que começou no Nordeste se expandiu também para o Sudeste,
atingindo praias no Espírito Santo. Ao menos 14 unidades de conservação foram
afetadas, matando animais e prejudicando a economia da região.
Até esta quinta-feira (14), o Ibama (Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) havia
registrado a presença de óleo em 546 locais de 112 municípios e dez estados do
Nordeste e do Sudeste. É a maior área já afetada por um desastre do tipo,
segundo o pesquisador e professor da Faculdade de Oceanografia da UERJ
(Universidade Estadual do Rio de Janeiro) David Zee.
As primeiras manchas apareceram na Paraíba e em Sergipe no fim de agosto e
depois se espalharam para os outros lugares. Em ao menos cem dos locais
afetados, o óleo havia desaparecido na visita mais recente feita por técnicos.
O
derramamento causou danos a ecossistemas da região. O Ibama registrou 135
animais atingidos, dos quais 95 morreram, e recolheu preventivamente mais de
3.400 filhotes de tartaruga da Bahia, Sergipe e Rio Grande do Norte. O ICMbio
(Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) afirmou que 14
unidades de conservação federais foram afetadas.
Atividades
que dependem do mar, como a pesca, também foram prejudicadas. O governo liberou
o pagamento fora de época de seguro-defeso (benefício pago aos pescadores na
época de reprodução dos peixes, em que a pesca fica proibida) aos trabalhadores
das áreas atingidas. Estima-se que até 60 mil pessoas poderão reivindicar o
dinheiro, o que representaria um custo de R$ 130 milhões.
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