O avanço contínuo das
manchas de óleo pelo mar, a partir do litoral do Nordeste, acendeu o sinal
amarelo para as autoridades ambientais do estado do Rio de Janeiro, uma vez que
a poluição já atingiu praias do sul da Bahia. O Instituto Estadual do Ambiente
(Inea) informou ontem que encontra-se em estado de vigilância e que já tem um
Plano de Contingência institucional, que abrange a possível chegada do óleo nas
praias fluminenses.
A situação está sendo monitorada em
alto-mar, pelo Grupo de Acompanhamento e Avaliação (GAA), composto pelo
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama), a Agência Nacional de Petróleo (ANP), e a Marinha do Brasil. Os órgãos
federais repassam as informações obtidas para o Inea.
Apesar da mobilização, o órgão
ambiental estadual disse que o Ibama garantiu que não foram identificadas
manchas em alto-mar, nem tendência de deslocamento para as proximidades do
Estado do Rio. Contudo, as medidas de prevenção estão sendo tomadas para que a
costa fluminense não seja impactada pela tragédia ambiental.
Entre as ações planejadas pelo Inea,
está a capacitação do corpo técnico da Defesa Civil Estadual e dos 25
municípios costeiros, além de vários setores do próprio órgão para atuação em
caso de surgimento de óleo nas praias fluminenses. O treinamento terá técnicas de
avaliação de cenário emergencial; coordenação de ações para limpeza das praias;
e destinação ambiental adequada do resíduo recolhido.
A primeira capacitação será voltada
para técnicos das superintendências regionais, gestores das unidades de
conservação estaduais, como o Parque Estadual da Costa do Sol; a Gerência de
Fauna do Inea, e a Defesa Civil Estadual. Um grupo de trabalho especial também
foi formado pelo Governo do Estado, no fim de outubro, para acompanhar a
situação. O grupo é coordenado pela secretária do Ambiente e Sustentabilidade,
Ana Lúcia Santoro, e composto por técnicos da Secretaria de Meio Ambiente e do
Inea.
Municípios vão se reunir com a Petrobras
Não é apenas o Inea que está em
alerta com a possível chegada das manchas de óleo vindas do Nordeste. Os
governos de Cabo Frio, Armação dos Búzios e Arraial do Cabo se articulam para a
tomada de medidas conjuntas de prevenção a uma possível chegada das manchas de
óleo nas praias da região, às vésperas da alta temporada.
Depois de amanhã, uma reunião entre
representantes das prefeituras e da Petrobras, na sede da empresa, no Rio, vai
definir uma plano de ação para preparar os municípios. A situação é
considerada preocupante, uma vez que os equipamentos de contenção prometidos
pela estatal petrolífera, que deveriam ter chegado desde 26 de setembro, ainda
não estão disponíveis. A cessão dos equipamentos foi definida por intermédio de
um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) celebrado junto ao Ministério Público,
por causa do vazamento de óleo ocorrido em abril nas praias da região. O acordo
também previa um treinamento ministrado pela empresa para servidores do
município, o que foi cumprido.
De acordo com Secretário de Meio
Ambiente de Búzios, Fernando Savino, foi entregue ao Ministério Público um ofício
comunicando o não cumprimento do acordo, pois os equipamentos não foram
entregues até o momento.
– Já estamos traçando estratégias
para a possível chegada de óleo, os pescadores estão em alerta para avisarem
caso encontrem manchas no mar – explicou o secretário.
O colega de cargo em Cabo Frio,
Mário Flavio Moreira, evitou alarde, mas admitiu que está preocupado com o
quadro.
– Diria que a gente tem que ter
cautela e esperar. A princípio, não tem nenhuma ocorrência para o Sudeste, mas,
como foi encontrado óleo no sul da Bahia, isso nos preocupa, porque as
correntes podem virar, por algum fenômeno natural e trazer esse óleo pra cá,
principalmente o óleo que está no fundo. Uma ressaca pode revolver o óleo,
estamos vivendo um momento de ressaca. A preocupação real existe, e vamos
monitorar contando com apoio da Petrobras e do Ibama, que são os órgãos
responsáveis por essa atribuição – comentou.
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