O fim de semana nublado assustou os turistas da Praia
do Forte, em Cabo Frio. Mas isso não significa que a qualquer momento, assim
que o tempo abrir, eles não estarão de volta. Cenas como estacionamento
movimentado pelos ônibus de turismo iriam se tornar realidade a partir de 1º de
setembro. No entanto, com a nova suspensão desses veículos pela prefeitura,
tudo voltou à estaca zero.
"Os decretos são confeccionados de forma que a
gente não entende, sem nenhuma consulta técnica, sem nenhuma consulta aos
grupos da cidade. Pode vir, mas não pode ir à praia. Não faz sentido, é tudo
conflitante. vou fazer aglomeração em hospedaria, hotel, pousada?", afirma
Adonay Silva, presidente da Associação das Hospedarias Legalizadas de Cabo
Frio.
Na quarta-feira (19), a prefeitura publicou um decreto
que proibiu a entrada de ônibus e vans de turismo na cidade. Os processos de
cadastro para a liberação dos grupos já estavam em andamento, visando o feriado
prolongado de 7 de setembro, mas a decisão foi baseada no aumento do risco
epidemiológico, já que, do dia 1º de agosto ao dia 19, foram quase 370 novos
casos de coronavírus e 20 mortes pela doença. Entretanto, quem trabalha
diretamente com o turismo, como guias e barraqueiros, afirma que esse
crescimento nos dados não tem haver em específico, com esse setor.
"A gente tem carro liberado, por que só ônibus
foi proibido? Por que carros liberados? O controle de ônibus é fácil, o de
carro não. Quantos carros nós temos? A praia tem de 10 a 12 mil pessoas no fim
de semana. Eles vem pra cá nos carros. O vírus aumentou? Aumentou o índice. Não
foi por causa dos ônibus, foi devido aos carros que estão vindo pra
cidade", pontua Rafaelle Sherman, representante dos Guias de Turismo de
Cabo Frio.
E tudo isso envolve vidas. Se por um lado, a saúde é
primordial, por outro, o dinheiro é necessário pra sobreviver.
"Nas praias são quase cinco mil ambulantes
diretamente e pessoas que dependem do comércio ambulante indiretamente. A
Secretaria de Assistência Social deu cestas básicas por duas vezes, em abril e
maio, e uma quantidade reduzida que não contemplou nem 10% dos ambulantes que
temos. Não sabemos mais o que fazer, pessoas passando fome, uma cidade rica que
deixa a população miserável", desabafa Luciano Mello, presidente dos
Sindicato dos Ambulantes de Cabo Frio e região.
Mas há uma luz no fim do túnel. A Secretaria de
Turismo tem um novo nome à frente da pasta, Manoel Vieira, e novos rumos também
podem vir. Pelo menos é a expectativa de quem depende do turismo pra pagar as
contas no fim do mês.
"Estamos alegando que podemos trabalhar com
álcool em gel, com máscara, os barraqueiros podem até ajudar no distanciamento
social. Esperamos que o prefeito nos atenda na segunda-feira (24). Temos uma
reunião às 18h e nós queremos ajudar, não queremos ser empecilho, queremos voltar
a trabalhar o mais rápido possível", destaca o barraqueiro Wanderson
Pitanga.
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