Os profissionais da Educação de Cabo Frio e os garis
se juntaram nas dores pelos salários atrasados e entoaram, em coro, palavras de
ordem e de indignação que ‘esquentaram as orelhas’ do prefeito Adriano Moreno
(DEM) e dos vereadores, nesta terça-feira (11). Inicialmente distintos, os
protestos se cruzaram nas proximidades da Prefeitura, onde um grupo de
funcionários da Companhia de Serviços de Cabo Frio (Comsercaf) exigiu ser
recebido pelo prefeito, de quem planejavam cobrar uma previsão de quando os
salários cairão na conta.
Conseguiram uma reunião sem o prefeito, mas com a
presença do presidente da companhia, Dario Guagliardi; e dos secretários de
Governo, Matheus Mônica, e de Desenvolvimento da Cidade, Felipe Araújo. A
autarquia informou que a previsão é que o pagamento saia nesta quarta-feira
(12), mas os funcionários estão irredutíveis e afirmam que só voltam ao
trabalho quando o dinheiro sair.
Pelas ruas da cidade, sacos de lixo empilhados nas
calçadas e esquinas compuseram a paisagem em praticamente todos os bairros, uma
vez que os grevistas impediram a saída de veículos da sede da Comsercaf, no
bairro Monte Alegre. Alguns caminhões terceirizados, cujos donos não recebem
desde fevereiro, segundo denúncias recebidas pela Folha; e funcionários
contratados, que optaram por não cruzar os braços, tiveram que se desdobrar
para tentar amenizar a situação. Apesar dos transtornos, a Comsercaf disse que
a adesão ao movimento foi de apenas 10% dos funcionários.
Se os garis têm a promessa de receber o que lhes devem
nesta quarta (12), no caso dos servidores da Educação, isso só deve acontecer
na semana que vem. Mesmo assim, não houve comunicado oficial. A previsão de
pagamento na quarta-feira que vem, dia 19, foi ouvida em reunião do Conselho
Municipal de Educação, realizada ontem. Até o fechamento desta reportagem, a
Prefeitura não havia divulgado o calendário de pagamento dos salários de julho.
Assim como no caso da Comsercaf, o atraso é justificado pela queda na
arrecadação municipal por causa da pandemia de Covid-19.
Enquanto isso, os gritos de protesto dos professores e
dos demais profissionais de ensino puderam ser ouvidos pelos vereadores,
durante a sessão na Câmara Municipal, no mesmo horário em que a carreata da
categoria passava na Avenida Assunção, no Centro. Além do pagamento dos
salários, o grupo protestava contra a convocação de servidores para trabalho
presencial nas escolas; contra o possível aumento do desconto previdenciário de
11% para 14%, entre outras reivindicações.
A coordenadora-geral do Sindicato dos Profissionais da
Educação, Cíntia Machado, manifestou a preocupação com a falta dos salários, em
um momento em que a Secretaria de Educação anunciou que vai disponibilizar
atividades para os alunos da rede municipal fazerem em casa. A sindicalista
também fez menção aos três mil contratados que foram dispensados em abril.
– Muitos servidores nos ligam à beira do desespero,
por não ter informação oficial. É muito ruim toda essa situação. Estamos sem
salário e a Prefeitura, por meio da Secretaria de Educação, lança uma
plataforma de atividades. Ficam várias interrogações. Quem vai fazer essas
atividades se houve demissões de professores? Tem escolas que tem número de
efetivos muito reduzido. E aqueles servidores que não receberam vão trabalhar,
vão lançar atividades nas plataformas? Nos meses seguintes, vai continuar esse
atraso? São muitas interrogações que só nos levam a reafirmar a necessidade de
greve pela vida e também por essa questão salarial, pela qual já havia
deflagrado greves anteriormente. São atrasos praticamente ininterruptos –
desabafou.
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