Petrobras acumula no fundo do mar material de 'depósito' submerso irregular ativo por 25 anos na Bacia de Campos
Bacia de Campos — Foto: divulgação Petrobras
A Petrobras manteve ativo, durante 25 anos, um
'depósito' submerso irregular de materiais na Bacia de Campos, que se estende
do litoral norte do Rio de Janeiro até o estado do Espírito Santo.
De acordo com a Petrobras, as áreas de apoio
logístico, conforme são chamadas pela empresa, foram utilizadas para
"armazenamento temporário de sistemas de ancoragem de plataformas e linhas
flexíveis", entre os anos de 1991 e 2016.
Sem licenciamento ambiental, a atividade está sendo
alvo de um processo movido pelo Ibama e o Ministério Público Federal.
Em nota, o Ibama informou que está em tratativas com a
empresa para firmar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), "acordo que
vai estabelecer valor de compensação pelo dano causado pela atividade e a
retirada de equipamentos atualmente depositados no local".
A Bacia de Campos é a principal área petrolífera
explorada no território brasileiro e tem um dos maiores complexos petrolíferos
marítimos do mundo. A área abrange cerca de 100 mil quilômetros quadrados e
estende-se das imediações da cidade de Vitória, no Espírito Santo, até Arraial
do Cabo.
Em nota, a Petrobras alegou que as "áreas de
apoio logístico" foram montadas na Bacia de Campos quando "não
existia procedimento de licenciamento ambiental para as atividades de
exploração e produção offshore".
No entanto, uma resolução de janeiro de 1986, do Conselho Nacional do Meio
Ambiente (Conama), já estabelecia critérios e diretrizes para a avaliação e
estudo de impacto ambiental de atividades modificadoras do meio ambiente,
dentre elas a de extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão).
De acordo com uma matéria publicada pelo jornal Estadão,
que teve acesso ao processo que corria sob sigilo, o material foi lançado em
seis áreas da Bacia de Campos que, somadas, chegam a 460 quilômetros quadrados,
uma área correspondente à cidade de Florianópolis, capital de Santa Catarina.
Ainda segundo levantamento do Estadão, uma reunião,
realizada em julho de 2019, estimou que o processo de retirada de todo o
material deverá custar pelo menos R$ 1,5 bilhão, além de demorar mais de cinco
anos até que tudo esteja devidamente limpo. A retirada começaria em 2022.
Por causa da ausência de licenciamento para fazer
essas operações, o Ibama teria multado a Petrobras em R$ 2,5 milhões e teria
imposto uma indenização de R$ 25 milhões pelo impacto ambiental causado, de
acordo com o jornal.
O G1 questionou a Petrobras sobre as
informações relacionadas a localização exata e a dimensão das "áreas de
apoio logístico", previsão de retirada do material e a estimativa de custo
dos serviços. A empresa respondeu, apenas, que "O tratamento do material
será discutido no âmbito do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), que está em
negociação com Ibama e Ministério Público Federal".
Sobre as multas aplicadas no processo, a Petrobras
disse que "O TAC se encontra em construção entre Petrobras, Ibama e
Ministério Público".
A empresa ainda afirmou que "irá cumprir todos os
compromissos e prazos que forem estabelecidos".
O G1 também questionou o Ibama sobre os
temas citados acima e sobre o impacto ambiental gerado pelo depósito irregular,
mas o órgão não deu mais detalhes sobre o assunto.
O G1 entrou em contato, ainda, com o
Ministério Público Federal e aguarda posicionamento.
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