Crivella afirma que município não irá aderir ao decreto de Witzel e segue com plano de reabertura gradual em seis fases
O prefeito Marcelo Crivella anunciou neste
domingo que a cidade do Rio vai manter o planejamento de retomada gradual das
atividades em seis fases, a cada duas semanas, sem aderir às recomendações do
governo do estado, publicadas em edição extra do Diário Oficial no fim da noite
da última sexta-feira.
— O conselho científico se reuniu hoje e debateu
muito. Há algumas recomendações do governo do estado que nós já estamos
seguindo, como a reabertura dos templos. Há outras que estão numa fase mais
adiantada, e que por unanimidade o conselho decidiu que mantivéssemos o
planejamento adotado pela prefeitura — afirmou Crivella.
O prefeito disse ainda que as recomendações que o
governo do estado fez através do decreto serão atendidas, mas "dentro da
ordem cronológica e dos parâmetros estabelecidos antes".
— Uma abertura ampla, geral e irrestrita poderá nos
levar a uma situação que nós não queremos ter de novo, que foi a situação de
maio, com um número de 4,7 mil óbitos (naturais) a mais que em maio do ano
passado.
No decreto que flexibilizou o isolamento social no
estado, o governador Wilson Witzel determinou que alguns setores da economia
funcionassem com horário restrito já a partir de sábado. A medida causou
confusão entre moradores e empresários cariocas, que não sabiam que regras
seguir.
As principais divergências eram sobre a reabertura de shoppings,
centros comerciais, bares e restaurantes. Pelo planejamento da prefeitura, os
setores só voltam a funcionar na segunda e terceira fase, respectivamente.
Na tarde de sábado, o governador usou suas redes
sociais para falar sobre o decreto, onde chegou a falar, inclusive, sobre uma
possível segunda onda de Covid-19:
"Os hospitais de alta complexidade seguem seu
fluxo de construção e serão importantes para que nos preparemos para uma
provável segunda onda do Covid-19. Até segunda-feira a fila de leitos será
zerada. Seguimos firmes".
Também no sábado, o secretário de governo do Witzel,
Cleiton Rodrigues, explicou que apesar de o decreto do governador ter
flexibilizado bastante as regras do isolamento social, cada prefeitura tem
autonomia para manter regras mais rígidas nos municípios.
— O governador fixou normas gerais depois de ouvir os
secretários de Fazenda e de Saúde. Mas os municípios podem ter regras
específicas conforme as realidades locais — disse o secretário.
O procurador do município, Marcelo Marques, disse que
cobraria do governo Witzel um estudo que justificasse as novas medidas. Neste
domingo, ele afirmou que recebeu um retorno da procuradoria estadual, mas que
os dados utilizados no decreto só dão conta de atualizações até o último dia 30,
cinco dias antes da publicação do texto.
— A base científica teria sido a menção a um link que
existe no último "considerando" do decreto, onde aparece um boletim
epidemiológico atualizado até o dia 30 do mês passado. O problema é que o
Ministério Público e a Defensoria Pública do Estado acharam esse estudo
insuficiente e já foram ao Judiciário pedir a suspensão do decreto do
governador — disse, explicando que ação movida pelos órgãos não foi levada em
consideração pelo governo municipal para manter o planejamento de retomada das
atividades econômicas.
O subsecretário de Saúde, Jorge Darze, afirmou que o
decreto estadual surpreendeu a prefeitura do Rio, e disse que o boletim
epidemiológico estadual citado pelo procurador do município "não demonstra
um estudo científico".
— Esse link não demonstra de fato um estudo científico
que pudesse balizar uma decisão desse porte. É um link de uma informação
atrasada. A decisão do governo do estado nos surpreendeu porque não havia
nenhum estudo anterior que pudesse sustentar o decreto.
Retomada de atendimentos
Ainda na coletiva, a secretária de Saúde Beatriz Busch
afirmou que a intenção da prefeitura é retomar consultas, exames e cirurgias
eletivas na rede municipal a partir do dia 18. Já de acordo com o prefeito, uma
nova remessa de equipamentos deve chegar ao Rio na madrugada desta
segunda-feira (08), em um voo marcado para pousar no Aeroporto Internacional
Tom Jobim por volta das 3h.
— Está chegando o avião da TAM, e ele está trazendo
162 novos respiradores, centenas de monitores e milhões de equipamentos de
proteção individual (EPI) — afirmou Crivella.
Segundo a secretária, os equipamentos vão renovar os
equipamentos de UPAs, Coordenações de Emergência Regional e UTIs da cidade.
Fonte: extra.globo.com
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