Idealizado pela artista Liana Turrini, o projeto tem
como objetivo principal apresentar como vivia o povo sambaqui . Segundo Liana,
o curta é uma viagem no tempo, que nos mostra como o povo pescava e temperava o
pescado com aroeira e sal grosso.
– O sambaqui envolve toda uma construção do amontoado.
Era um povo que tinha certo tipo de vida e que, ao longo do tempo, foi se
aprimorando. Existem 160 sambaquis aqui na região. O próprio Shopping Park
Lagos foi construído em cima de vários deles – ressalta.
Liana mora da Região dos Lagos há 40 anos e possui o
título de cidadã cabo-friense. Ela também foi presidente da Associação de Meio
Ambiente de Cabo Frio, que defende o patrimônio dos sambaquis. Ela conta que
sempre se encantou com o modo de vida e as curiosidades da pré-história.
A artista também afirma que “a história do homem
sambaqui está soterrada” e que precisa ser valorizada. Por se tratar de uma
viagem no tempo de seis mil anos, o fio utilizado para apresentar o elo entre o
passado e o presente foi a restinga.
– O povo sambaquiano viveu há dois mil anos. Não
dominava a olaria (barco e cerâmica), a agricultura e a domesticação de
animais. Viviam da caça e coleta. Quando os tupinambás saíram da Amazônia, em
1300, resolveram ocupar todo o litoral brasileiro e encontraram o povo sambaqui
aqui no litoral – relembra.
Com a direção do Guto Madeira, o processo de gravação
e edição do filme durou um mês. O projeto foi contemplado pela Secretaria de
Cultura e Economia Criativa do Estado do Rio de Janeiro, através do edital
Cultura Presente nas Redes. O curta está entre os 70 projetos que foram
aprovados de toda a Região dos Lagos.
– Confesso que foi um baita desafio para toda a nossa
equipe. O projeto é uma produção totalmente independente de artistas locais.
Todo o filme é de nossa produção, desde o som ambiente, figurino, coloração,
sonoplastia e imagens capturadas – ressalta Guto, enfatizando que foi um
trabalho bem detalhado em um prazo de tempo curto.
“Se a restinga era mãe, o mar era o pai do sambaqui”
Liana conta que o texto é de sua autoria. A literatura
intelectual-poética da artista contou com dialetos locais, que foram utilizados
com o intuito de resgatar a memória de todo o povo. A artista ressalta que os
movimentos de agachar e remar estão ligados ao comportamento sambaqui.
No curta, uma receita é realizada para representar
como o povo se alimentava na época. A caça e a pesca fazem parte de toda a
história do povo. Além da culinária, o artesanato também foi abordado no curta,
onde os pratos foram feitos com conchas e fibras da folha do guriri, e os talheres
e outros utensílios da cozinha com galhos de aroeira.
– Esta memória identitária resgatada pode gerar um
novo olhar para o turismo de base alimentar. A anchova com batata frita e
salada pode ser substituída por uma posta de cavala – ressalta Liana.
A obra contemporânea relembra o passado e o transforma
para o presente, visando o futuro com base na memória identitária.
Fonte: folhadoslagos.com
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